terça-feira, 16 de março de 2010

Rota do Lobo

segunda-feira, 15 de março de 2010

O LOBO, um animal que temos que proteger.

                                Lobo Ibérico

     O Predador encurralado
     Perseguido desde há séculos, o lobo-ibérico é um sobrevivente. Resistiu às armadilhas, fojos, batidas, armas de fogo, laços e venenos. A sua atracção pelo gado doméstico valeu-lhe o estatuto de inimigo a abater. O conflito entre o homem e o lobo, baseado nos prejuízos e em mitos e crenças falsas, contribuiu de forma significativa para a regressão da espécie e é um dos grandes problemas da sua conservação.
     Os últimos redutos
    A sua área de distribuição é descontínua. Existem duas populações separadas pelo rio Douro. A norte do rio existem sete núcleos populacionais – Peneda-Gerês; Alvão/Falperra; Padrela /Valpaços; Arga/Paredes de Coura; Cabreira/Barroso; Marão/Baião e Bragança/Montesinho. A Norte, o lobo distribui-se de uma forma contínua, excepto na Terra Quente Transmontana e na faixa litoral ente Viana do Castelo e Porto, onde já se extinguiu. Esta população é relativamente estável e está conectada com a restante população lupina espanhola através da Galiza e Castela-León.
     Outro dos núcleos populacionais mais estável habita as serras agrestes do Noroeste de Portugal, na zona fronteiriça com a Galiza, que se incluem na área do Parque Transfronteiriço Gerês – Xures e serras envolventes, Larouco e Cabreira. Aqui existem doze grupos familiares, com um efectivo de 5 a 10 lobos e com reprodução regular. Em determinados anos, há alcateias que, durante o Outono e Inverno, possuem mais de doze lobos.
     Um sistema com atrasos e injusto
     Em 1971, quando o Parque Nacional da Peneda-Gerês foi criado, implementou-se o sistema de indemnizações dos prejuízos provocados pelo lobo. Nessa altura, os danos só eram pagos quando ocorriam dentro da área do Parque. Em 1988, com a aprovação da Lei 90/88, o lobo foi declarado espécie protegida e nessa altura procurou-se criar um mecanismo que resolvesse de forma eficaz os conflitos originados pelo carnívoro. Este mecanismo, que só foi regulamentado no decreto-lei 139/90, baseia-se no pagamento dos prejuízos causados pelo lobo nos animais domésticos, em toda a área de ocorrência do predador. Só que a lei que prevê as indemnizações não determina o seu financiamento. Resultado, sistematicamente os pagamentos são feitos com atrasos de um ou mais anos.
     Também para diminuir os conflitos entre os criadores de gado e o lobo, O Grupo Lobo, em 1996, iniciou um projecto de recuperação do uso tradicional dos cães de gado para protecção dos rebanhos. Na fase inicial utilizou-se apenas o cão de Castro-Laboreiro. Mais tarde, a iniciativa integrou outras raças de cães de gado nacionais – o cão da Serra da Estrela e o Rafeiro Alentejano.
     Fojo
     A relação do homem com o lobo foi sempre marcada pela perseguição. Para combater o carnívoro todos os meios eram válidos e alguns implicavam grande engenho e dispêndio de energia. Os fojos do lobo são disso exemplo. Construídos no meio da serra, com paredes de pedra com dois metros de altura, implicavam a mobilização de toda a aldeia. Toneladas de pedra eram transportadas em carros de bois com um único fim – dizimar o lobo que lhes atacava os rebanhos.
     Os fojos existem apenas no norte da Península Ibérica e são basicamente de dois tipos – de cabrita e de paredes convergentes. Nos primeiros, de forma circular, era colocada uma cabra que servia de engodo para atrair o lobo. Os de paredes convergentes, constituídos por duas paredes que convergem para um fosso, implicavam uma batida que envolvia toda a aldeia e, por vezes, as aldeias vizinhas. Os batedores conduziam o lobo para o fojo e este acabava por cair no fosso, previamente dissimulado com vegetação.
     No início do século XX, com a vulgarização do uso do veneno e das armas de fogo, os fojos deixaram de ser usados e foram esquecidos. A acção do tempo, o vandalismo e a pilhagem de pedras contribuíram para a sua degradação.
     Características físicas
     O Lobo, um mamífero carnívoro, é o maior representante da família dos canídeos. A sua adaptação a diferentes climas deu lugar uma grande variabilidade na anatomia e fisiologia. O seu peso oscila entre 12 e 75 kilos e a sua pelagem podem ser cinzenta, castanho, branca ou preta. Em geral, um típico macho de Lobo adulto é como um grande Pastor Alemão, pesa uns 40 kilos e mede uns 70 centimetros.
     Comportamento social
     Os Lobos organizam-se em manadas. Nestas existe uma jerárquica
estrita em que são dominadores um macho e uma fêmea, chamados casal alfa. Este casal é, como norma geral, o único que se reproduz em grupo, que pode incluir ademais jovens e outros indivíduos relacionados com o clã.
     O tamanho das manadas é variável, entre 5 e 12 crias. O grupo defende o território frente a outros lobos e se comunicam pela vista (expreções faciais e corporais), odores (urina e fezes) e sons (latidos , grunhidos, etc)
     Biologia reprodutiva
     A final do Inverno, o casal alfa entra em zelo e depois de uma gestação de dois meses (61 a 63 dias). Na Primavera nascem as crias, normalmente uma media de 5 por camada. Estas crias ao chegar ao Outono já têm tamanho necessário para seguir os adultos.
     O Lobo: espécie chave
     A presença do Lobo nos ecossistemas ao que pertence, demonstrou-se claramente necessária para a manutenção e para o equilíbrio destes, constituindo o que se conhece como espécie chave. O desaparecimento deste pode acarrear sérios desequilíbrios no seu entorno (na vegetação, na densidades de herbívoros, densidades de predadores menores e carnívoros).


Fontes consultadas: ASCEL - Ecotura

quarta-feira, 10 de março de 2010

Melgaço

     Melgaço – O Concelho de Melgaço insere-se na Região Norte, mais precisamente no Alto Minho. Limitando a Norte pelo Rio Minho, faz fronteira a Norte e a Leste com Espanha e a Oeste e Sudoeste com os Concelhos de Monção e Arcos de Valdevez.
     Melgaço constituísse em 18 freguesias, subdivida-se em duas grandes áreas; a área de montanha que engloba Castro Laboreiro, Cousso, Cubalhão, Fiães, Gave, Lamas de Mouro e Parada do Monte e a área ribeirinha, que engloba Alvaredo, Chaviães, Cristóval, Paços, Penso, Prado, Remoães, Roussas, S. Paio e Vila.
     Origem – Tomando como provável a tradição, o Castelo de Melgaço terá sido construído no reinado de D. Afonso Henriques, por volta de 1170. Foi no reinado de D. Sancho II que Vila começou a ser rodeada de uma cerca defensiva. Esta necessidade havia já surgido no reinado anterior, no de seu pai D. Afonso II, por força das lutas político-militares que motivaram a luta armada entre ele e as hostes leonesas.
     Lenda da Inês Negra – Acabados os ecos da retumbante batalha de Aljubarrota, urgia consolidar a independência de Portugal, reconquistando terras e praças-fortes ainda na posse dos castelhanos, que recusavam a autoridade do Rei D. João I.
     O D. João veio para Melgaço com a sua comitiva, fez recolher a Rainha, D. Filipa e as suas damas, ao convento de Fiães, para testemunharem deslumbradas a bravura das hostes portuguesas, planeando o assalto as muralhas com que D. Dinis envolvera a torre afonsina. Acedendo ao diálogo, o mestre de Aviz enviou a Pacheco à barbacã onde falou com o comissário castelão, barricado intramuros. A falta de acordo fez com que D. João tomasse a resolução de humilhar o infante capitão da Praça com um forte assalto às muralhas.
     Entre as famílias que habitavam entre as muralhas, havia a de uma portuguesa que era toda paixões pelas hostes castelhanas, vindo a ter, por isso, a alcunha de “arrenegada”.
     A “arrenegada” ao ver o impasse das conversações, propôs um combate singular para resolver a contenda. Ela iria lutar com outra mulher, de quem conhecia o patriotismo, e que morava nas redondezas.
     De bom grado acordou tal peleja o Rei, estupefacto pelo patriotismo e coragem da mulher que se apresentou para defender a honra dos lusitanos.
     Esperava a “Arrenegada” no centro do terreno quando um burburinho cresceu de repente e a multidão abriu alas para deixar passar Inês. Sem armas, atirando-se uma à outra com rancor, rasgavam reciprocamente as carnes com as unhas e os dentes. Atropelando-se arrancando os cabelos, afogando-se nos fortes e rudes braços, derrubando-se alternadamente, quando a Arrenegada começou a fraquejar, saindo logo desfalecida, coberta de sangue e de lama. O delírio da multidão e a gloria da Inês Negra, que é levada em triunfo e aclamada como a heroína das hostes portuguesas. Animados e excitados pelo exemplo de Inês, as hostes lusitanas tomam de vencida as muralhas de Melgaço. Ao entrarem na fortaleza, depararam com o corpo de Arrenegada com um punhal cravado no coração. Inês sobe ao alto da torre e grita se cessar: “Tornas-te a nós! És do rei de Portugal”
     Megalitismo – Trata-se de um fenómeno cultural Pré-histórico caracterizado pela existência de monumentos construídos em pedras e lajes. Associa-se frequentemente à construção de monumentos funerários colectivos. Temos como modalidade os dólmenes ou antas e as cistas. Estes monumentos encontram-se em mais quantidade (71) em Castro Laboreiro, mas também em Parada do Monte e Gave.
     Pontes – A inegável importância das pontes nas comunicações não é suficiente para explicar o fascínio que desde sempre estas obras têm exercido sobre a humanidade. Em Melgaço existe uma grande quantidade de pontes romanas, onze em Castro Laboreiro e as outras divididas entre Lamas de Mouro, Paderne e Remoães.
     Alminhas – São pequenos e singelos monumentos de piedade religiosa, erguidos nos montes e vales, nos povoados e caminhos, encruzilhadas e solidões. Estão espalhadas pelas freguesias de Parada do Monte, Penso, Fiães, Castro Laboreiro e Lamas de Mouro.
     Românico – É um estilo caracterizado por construções austeras e robustas, com paredes grossas e minúsculas janelas. A principal função destas estruturas era a de resistir aos ataques dos inimigos. Este estilo é predominante da Idade Média. Melgaço tem varias Igrejas e Capelas deste estilo, na Vila, em Chaviães, Paderne, Fiães, Lamas de Mouro e Castro Laboreiro.
     Brandas – Confinadas a uma área bem delimitada do território Melgacense, as Brandas e as Inverneiras constituem espaços mutuamente complementares, ocupados alternadamente e de acordo com o calendário de mudanças estacionais, pelo mesmo contingente populacional. Em Castro Laboreiro encontra-se 18 Brandas, três em Parada do Monte e duas na Gave.
     Museus – Os principais objectivos dos espaços museológicos de Melgaço são investigar, promover e divulgar o património arquitectónico, histórico e cultural. Com os preciosos estudos dos nossos historiadores e arqueólogos, encontrará nos museus informação actualizada e classificada.
Torre de Menagem, Museu do Cinema, Espaço Memória e Fronteira e o Núcleo Museológico de Castro Laboreiro
     Cultura e Lazer – O Conselho de Melgaço dispõem de diversas infra-estruturas, desportivas, culturais e de lazer que por certo tornarão a sua estadia entre nós, emoções desportivas e enriquecida culturalmente.
Complexo Desportivo e de Lazer de Melgaço, Campo de Futebol relvado, Campo de Futebol de relva artificial, Pista de atletismo, Clube de saúde/SPA, Pavilhão gimnodesportivo, Campo de minigolfe, Circuito de manutenção, Espaço de recreio aquático, Complexo das Piscinas Municipais, Casa da Cultura, Centro de informação e Biblioteca de Castro Laboreiro, Solar do Alvarinho, Termas de Melgaço, Parque Nacional da Peneda-Gerês, Porta de Lamas de Mouro do PNPG e a Zona de Lazer das Veigas.
     Gastronomia – Melgaço é um roteiro obrigatório para apreciadores e especialistas gastronómicos. Aqui sobrevivem usos e costumes que conferem aos produtos locais características de requintado e irresistível sabor. São muitos os turistas que se deslocam ao conselho para apreciar os sabores e aromas da gastronomia local.
     Cabrito assado no forno de cozer o pão, a lampreia à bordalesa, frita com ovos ou assada, as trutas do Rio Minho abafadas, o sarrabulho, os grelos com rojões, a bola da frigideira, o bolo da pedra, a água d’unto, o bucho doce, as migas e os pastéis mimosos. Junte-se-lhe o insinuante presunto de cor rosa-avermelhada de Fiães ou Castro Laboreiro, acompanhados com Vinho Alvarinho.
     Vinho Alvarinho – O vinho verde proveniente da casta Alvarinho é sem dúvida uma das mais importantes variedades da Região dos Vinhos Verdes. O Verde Alvarinho é um dos vinhos de Portugal mais premiado internacionalmente.
     Em Melgaço encontrasse uma trintena de Adegas de Vinho Alvarinho com rótulo e ainda alguns produtores particulares. Estes vinhedos localizam-se nas freguesias de Paderne, Alvaredo, Penso, Remoães, Prado, Roussas e Vila.
     Características Graduação alcoólica entre 11,5% e 14%, Acidez - média, Cor - citrina, Aroma característico da casta – intenso, delicado, frutado e floral, Sabor – Na boca é macio e muito equilibrado devido à boa relação acidez/álcool, Corpo – Encorpado, fruto do seu extracto seco e estrutura elevados, Harmonia – harmonioso e persistente, devido à relação entre teor alcoólico, acidez fixa e componente aromática.
     Deve ser servido fresco a uma temperatura entre os 10º e os 12ºC.
     Os vinhedos de cepa da casta Alvarinho localizam-se a meia encosta, num microclima e conjugam os cinco SS, “Solo, Sol, Sofrimento, Sabedoria e Sossego”.
     O Vinho Alvarinho responde aos ditames do “regímen sanitatis salernitanum” possuindo os cinco FF e por isso devem ser “Fortes, Formosos, Fragrantes, Frescos e Frutados”.
     Eventos – Todos os anos se realizam pelo menos dois grandes eventos, de significativa importância para a promoção dos sabores e saberes das gentes do Conselho de Melgaço. São eventos de enorme modalidade cultural, onde se reencontram, ano após ano, visitantes de várias nacionalidades e com grande tradição no Conselho.
     A Festa do Alvarinho e do Fumeiro, em Abril.
    A Festa de Cultura, no mês de Agosto.

terça-feira, 9 de março de 2010

Lamas de Mouro

Lamas de Mouro - Valores patrimoniais e aspectos turísticos.

     Igreja Paroquial, ponte de Porto Ribeiro, relógio de Sol, Parque Nacional Peneda-Gerês, piscina natural do Rio Mouro e os seus Moinhos, forno comunitário, altos da Serra da Peneda e Porta de Lamas de Mouro.
     As Origens – De acordo com o Padre Aníbal, toma este nome da qualidade do seu solo (lamas, pastagens de gado cheias de água) e o Rio Mouro que nasce no seu território. Foi terra com povoamento muito remoto, possuindo alguns vestígios da cultura dolménica e castreja (de origem céltica). Nesta freguesia teve lugar, no ano 812, no sítio chamado Vale de Mouro, junto ao Rio Ornese, uma grande batalha em que pelejou o bravo Bernardo del Carpio (parente e vassalo de D. Afonso Henriques) contra Ali-Aton, rei de Córdova, que caiu derrotado. Escreveram alguns, por certo crendeiros, que os mouros perderam cerca 70.000 homens.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Castro Laboreiro

Castro Laboreiro - Valores patrimoniais e aspectos turísticos.

     Castelo de Castro Laboreiro, pontes do Rio Laboreiro, Pelourinho, Igreja Matriz, Núcleos Castrejos, margens do Rio Laboreiro, miradouro da Sr.ª do Monte e Núcleo Museológico.
     As Origens – O seu nome vem de duas palavras, Castrum ou Castro (povoação fortificada pelo povo castrejo, de raça celta, que depois do seu nomadismo durante milhares de anos nos planaltos, vivendo da caça a da pesca, e depois do pastoreiro, se fixou nos outeiros para ali viver em comunidade e se defender das tribos invasoras, desde quinhentos anos antes de Cristo até ao século VI da era cristã) e Laboreiro (do latim “lepus, leporis, leporem, leporarium, lepporeiro, leboreio” que significa lebre).
     A ocupação humana de Castro Laboreiro é comprovável até ao longo passado de quatro ou cinco mil anos. Nesta região desenvolveram-se sucessivamente duas grandes culturas que atingiram um grau elevado de civilização, a cultura dolménica e a cultura castreja. Aqui pode encontrar-se, ainda hoje, mais de uma centena de antas ou dólmenes (uma das maiores concentrações de dólmenes da Europa), alguns menires, a cremadora, a poente da Vila (onde se incineravam os cadáveres para serem recolhidas as cinzas em vasilhames de barro no Mesolítico), castros, de dois mil e quinhentos anos, pinturas e gravuras rupestres.
     Cão de Castro Laboreiro – Raça autóctone de Castro Laboreiro, que se caracteriza pela docilidade e dedicação para com o dono e as crianças. Por vezes, o seu comportamento muda bruscamente face a estranhos, o que demonstra o seu instinto de guarda. Na verdade, o cão de Castro Laboreiro é um guardião por excelência, para além de cão de companhia e pastoreio.