segunda-feira, 15 de março de 2010

O LOBO, um animal que temos que proteger.

                                Lobo Ibérico

     O Predador encurralado
     Perseguido desde há séculos, o lobo-ibérico é um sobrevivente. Resistiu às armadilhas, fojos, batidas, armas de fogo, laços e venenos. A sua atracção pelo gado doméstico valeu-lhe o estatuto de inimigo a abater. O conflito entre o homem e o lobo, baseado nos prejuízos e em mitos e crenças falsas, contribuiu de forma significativa para a regressão da espécie e é um dos grandes problemas da sua conservação.
     Os últimos redutos
    A sua área de distribuição é descontínua. Existem duas populações separadas pelo rio Douro. A norte do rio existem sete núcleos populacionais – Peneda-Gerês; Alvão/Falperra; Padrela /Valpaços; Arga/Paredes de Coura; Cabreira/Barroso; Marão/Baião e Bragança/Montesinho. A Norte, o lobo distribui-se de uma forma contínua, excepto na Terra Quente Transmontana e na faixa litoral ente Viana do Castelo e Porto, onde já se extinguiu. Esta população é relativamente estável e está conectada com a restante população lupina espanhola através da Galiza e Castela-León.
     Outro dos núcleos populacionais mais estável habita as serras agrestes do Noroeste de Portugal, na zona fronteiriça com a Galiza, que se incluem na área do Parque Transfronteiriço Gerês – Xures e serras envolventes, Larouco e Cabreira. Aqui existem doze grupos familiares, com um efectivo de 5 a 10 lobos e com reprodução regular. Em determinados anos, há alcateias que, durante o Outono e Inverno, possuem mais de doze lobos.
     Um sistema com atrasos e injusto
     Em 1971, quando o Parque Nacional da Peneda-Gerês foi criado, implementou-se o sistema de indemnizações dos prejuízos provocados pelo lobo. Nessa altura, os danos só eram pagos quando ocorriam dentro da área do Parque. Em 1988, com a aprovação da Lei 90/88, o lobo foi declarado espécie protegida e nessa altura procurou-se criar um mecanismo que resolvesse de forma eficaz os conflitos originados pelo carnívoro. Este mecanismo, que só foi regulamentado no decreto-lei 139/90, baseia-se no pagamento dos prejuízos causados pelo lobo nos animais domésticos, em toda a área de ocorrência do predador. Só que a lei que prevê as indemnizações não determina o seu financiamento. Resultado, sistematicamente os pagamentos são feitos com atrasos de um ou mais anos.
     Também para diminuir os conflitos entre os criadores de gado e o lobo, O Grupo Lobo, em 1996, iniciou um projecto de recuperação do uso tradicional dos cães de gado para protecção dos rebanhos. Na fase inicial utilizou-se apenas o cão de Castro-Laboreiro. Mais tarde, a iniciativa integrou outras raças de cães de gado nacionais – o cão da Serra da Estrela e o Rafeiro Alentejano.
     Fojo
     A relação do homem com o lobo foi sempre marcada pela perseguição. Para combater o carnívoro todos os meios eram válidos e alguns implicavam grande engenho e dispêndio de energia. Os fojos do lobo são disso exemplo. Construídos no meio da serra, com paredes de pedra com dois metros de altura, implicavam a mobilização de toda a aldeia. Toneladas de pedra eram transportadas em carros de bois com um único fim – dizimar o lobo que lhes atacava os rebanhos.
     Os fojos existem apenas no norte da Península Ibérica e são basicamente de dois tipos – de cabrita e de paredes convergentes. Nos primeiros, de forma circular, era colocada uma cabra que servia de engodo para atrair o lobo. Os de paredes convergentes, constituídos por duas paredes que convergem para um fosso, implicavam uma batida que envolvia toda a aldeia e, por vezes, as aldeias vizinhas. Os batedores conduziam o lobo para o fojo e este acabava por cair no fosso, previamente dissimulado com vegetação.
     No início do século XX, com a vulgarização do uso do veneno e das armas de fogo, os fojos deixaram de ser usados e foram esquecidos. A acção do tempo, o vandalismo e a pilhagem de pedras contribuíram para a sua degradação.
     Características físicas
     O Lobo, um mamífero carnívoro, é o maior representante da família dos canídeos. A sua adaptação a diferentes climas deu lugar uma grande variabilidade na anatomia e fisiologia. O seu peso oscila entre 12 e 75 kilos e a sua pelagem podem ser cinzenta, castanho, branca ou preta. Em geral, um típico macho de Lobo adulto é como um grande Pastor Alemão, pesa uns 40 kilos e mede uns 70 centimetros.
     Comportamento social
     Os Lobos organizam-se em manadas. Nestas existe uma jerárquica
estrita em que são dominadores um macho e uma fêmea, chamados casal alfa. Este casal é, como norma geral, o único que se reproduz em grupo, que pode incluir ademais jovens e outros indivíduos relacionados com o clã.
     O tamanho das manadas é variável, entre 5 e 12 crias. O grupo defende o território frente a outros lobos e se comunicam pela vista (expreções faciais e corporais), odores (urina e fezes) e sons (latidos , grunhidos, etc)
     Biologia reprodutiva
     A final do Inverno, o casal alfa entra em zelo e depois de uma gestação de dois meses (61 a 63 dias). Na Primavera nascem as crias, normalmente uma media de 5 por camada. Estas crias ao chegar ao Outono já têm tamanho necessário para seguir os adultos.
     O Lobo: espécie chave
     A presença do Lobo nos ecossistemas ao que pertence, demonstrou-se claramente necessária para a manutenção e para o equilíbrio destes, constituindo o que se conhece como espécie chave. O desaparecimento deste pode acarrear sérios desequilíbrios no seu entorno (na vegetação, na densidades de herbívoros, densidades de predadores menores e carnívoros).


Fontes consultadas: ASCEL - Ecotura